
Ao retornar depois de seis anos fora de Garça, pude contemplar com mais dileção um pouco de cada esfera que se apresenta quase que diariamente perante meus olhos. Hoje em especial,
quero desenvolver esta crônica para exaltar o que tanto anda me alegrando.
São eles, os IPÊS, floridos e amarelos.
Assim, posso ver como a minha cidade é bela.
Quando estava distante, a cada retorno meu recebia dessa terra belos lampejos de alegria; mas agora,
curvo-me, reverencio-me diante da magnitude de nossas ruas. São os ipês, as árvores que considero sagradas. São misteriosos o bastante, para abrigar gente de todo tipo, sem perder a exuberância de suas flores caídas.Ah! E essas flores caídas, convertem-se em relicários, como fragmentos do divino que abençoa a cada um dos errantes.

Que gritem em auto-falentes, que rompam tímpanos e que seja executada tal ordem, todos nós homens e mulheres de Garça: "Tirem as sandálias dos pés, pois o lugar onde pisam é santo". Sim, são santas todas as nossas ruas que procriam a árvore da nobreza, que vingando tanto em quanto, sejam em avenidas, frente de escolas, butecos, estrada de
chão batido. Em qualquer lugar, estão elas, parecem que combinaram de florir mais aqui nesta cidade do que qualquer outra. parecem que quer colorir nosso caminhos. E por que será? Acredito que se lhes fossem permitidos sentir, sentiriam o mesmo que sentimos quando chegam os domingos frios e bate aquele saudosismo louco e inconsequente, que nos fazem vibrar, despetalar, despadecer.

Estou intuitivamente concordando com os ipês, que florescem cedo demais, que desabrocham antes mesmo da primavera. Concordo com eles, é necessário dar o mais belo no momento mais cinza, mais frio e mais gélido, nas manhãs mais surdas e nas tardes mais taciturnas.
Agora, eles estão suspirando. É chegada a hora do fim. Quase tudo está consumado. findam as calçadas colorias. Findam as árvores do chão. Vingam-se no devir da criação.

Fico sem respostas quando me pergunto:"O que pode levar algumas almas a varrerem nossas calçadas enfeitadas?", "Será que consideram sujeira a bênção mais sutil do fim do outono?" É o "Corpus Cristhi" da natureza, na trajetória do nosso dia-a-dia.
Ao contrário do que podemos imaginar, elas continuam caindo, desfolhando, uma por uma. Na mais perfeita dinâmica botânica. E tudo isso "pra gente viver mais".
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