sexta-feira, 29 de fevereiro de 2008

"Sarça ardente"


Ainda estou no meu deserto.

E se escrevo agora é porque não encontrei ainda o que procuro e me preocupo.

Sim, o cavaleiro errando, anda errando mais do que nunca. Mas sei que ninguém pode banhar duas vezes no mesmo rio. O mundo se voltou de uma forma tão infecciosa que temo pensar que se o vírus não me pegou, foi simplesmente pelo fato d'eu ter me escondido nos escombros.

Hoje de manhã, quando joguei sobre a minha mesa de 'estudos' a toalha do banho e conscientemente me lembrei de quando vivia no meu mundo intra-subjetivo. Como um sopro, ficar por horas debaixo da cama, fazer 'cabaninha' no sofá, ou ainda a gruta da casa antiga, eram meus refúgios de um 'não-sei-o-quê'.

O fato de ter crescido sozinho, não me fez ser menos que ninguém. Eu gostava. Eu aprendi e aprendo sempre mais a gostar do impossível. Daí que ficar embaixo da cama, conversando sozinho na gruta, ou esconder-me de mim mesmo, nunca foi uma atividade tão complicada assim.

Improvável para aqueles que em uma noite acreditam que perderam o chão, o meu mundo não os cabia.

Foi alí que descobri meus primeiros mitos, que escutei melhor o silêncio, que me transformei em terra, pano, chão. Outro lugar como esse só encontrei mais uma vez, quando ainda morava em Goiás, apilidamos um morro de pedras, cheios de galhos secos, como 'morro do urubu'. E como eram bons meus domingos, se ao cair da tarde a bicicleta me levasse até o caminho dos meus sonhos. "Antes eu sonhava, agora já não durmo..."

Meu espaço sagrado. Minha capela.

E isso tudo é tão urgente...


Enquanto o caos segue em frente com toda calma do mundo...

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