quarta-feira, 19 de setembro de 2007

"Dia de São José"

"Para aqueles que pensam
que dia 19 de março é dia de São José,
é porque ainda não viram
o que fizemos no dia 19 desse mês!"
Na manhã do dia 19 de setembro, acordei encorajado. Iria cumprir com o combinado: “plantaria uma árvore”. Sentia-me eufórico, como quem vai a uma festa, como quem vai celebrar um ritual. Estava encorajado pela canção da natureza.
Ao chegar ao ponto perto da casa da Celinha, nossa amiga e membro da APEG, avistei o professor Letério e nosso poeta Maurício Tech. E foi ao me aproximar que algo definitivamente me tocou.
Subitamente começam a chegar dezenas de outras pessoas. Estávamos rodeados de grupos e associações como: APEG, Conceb’s Araceli, alunos do CSA, grupo dos Escoteiros de Garça, os funcionários da SAMA, Policiais, jovens atiradores do TG. E uma e outra adesão individual como a minha. Pois não pertencia a nunhum dos grupos no momento. Mas, também acredito que foi isso que me tornou mais suscetível para perceber ‘o que me tocou’.
Eu, que moro naquele bairro desde quando nasci e que passava por todo aquele ‘vilarejo’ quase todos os dias, conheci a mediocridade humana dia pós dia. Concordo e louvo a brilhante idéia em que a família Izar juntamente com a SAMA se propôs efetivar no dia de hoje. Estão de parabéns e merecem toda a minha cordial louvação.
Só que a minha festa se tornou uma ameaça.
Quando observava várias crianças e adultos aproximarem de buracos já feitos no chão e mudas pré-plantadas, descobri o que realmente fui receber ali. Recebi a ameaça. Recebi a imagem que tocou-me profundamente, a mesma que se vê quando simplesmente pegamos o peixe do outro que pescou. Ora, alguém havia idealizado aquilo, outro porém deve ter plantado muda por muda, outro feito o buraco. Mas quem a plantou? Fui eu? E qual a minha responsabilidade com aquela nova floresta? É inevitável não lembrar de Exupéry, e parafraseando-o digo a todos nós, e a mim “tu te torna eternamente responsável por aquilo que ‘cultivas’”. Fui ameaçado ao ver plásticos, entulhos e roupas, vejam vocês até roupas, nas proximidades da nossa mina São José....

“Ô meu São José, a ti que confiamos o nome desta mina, que tão grande graça do céu poderia nos vir, se não a de comparar nossa escondida mina, com a vossa escondida história. Foste vós que acolhestes Maria mãe de Jesus, foste vós ensinaste um pouco de humanidade ao deus-feito-homem. Ensinai a nós, pequenos garcenses a acolher vosso rio, e a nos tornarmos um pouco mais humanos no decorrer das gotas contadas que brotam de nosso amado solo. Rogai a Deus por nós ó São José.”


... A mina que desde 1956 vêm servindo o município, está rodeada de problemas e de árvores e está ameaçada. Professor Letério, Mauricio Tech e eu, demos uma volta e percebemos grandes descuidos que os nossos próprios vizinhos, se me permitem ‘capitalistas’, tentam desperceber. O que me tocou, foi a certeza de que não posso parar por aqui, e que ao ser fiel no pouco, muito mais me é confiado. Nossa história não pode ser esquecida. E eu já não posso ser mais um que posa para flashs de fotos, como ‘pseudos’ ambientalista ou ‘pseudos’defensor de causas mundialmente enobrecedoras.
Termino este meu texto com a frase do ‘Guevara’: “Não me esperem para a colheita, estarei sempre semeando”. Feliz dia da árvore. Sinta-se ameaçado se puder, e perceba-se ‘eternamente responsável’ por tudo que cultivas...Oh!!! “Verde que te quero verde”....E da luta, não me retiro.






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